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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE DRENAGEM URBANA EM ÉPOCA CHUVOSA

Em Luanda a época chuvosa, de certa maneira, provoca destruições várias, deslizamento de terras, transbordo dos colectores, deformação do pavimento rodoviário e passeios, inundações de vastas áreas habitadas e outros constrangimentos provocados pelo mau estado técnico de grande parte da rede de esgotos, pelas construções anárquicas em linhas natural de água e seu consequente estreitamento, resultando na diminuição da capacidade de escoamento dos colectores e valas de drenagem e ainda por conter, em parte ou na totalidade, lodos sépticos sedimentados ou resíduos sólidos acumulados em grandes extensões.

Com o seu início as preocupações dos cidadãos aumentam, principalmente aqueles que vivem em áreas de risco e suburbanas cuja topografia é principalmente plana com condições de drenagem precária ou inexistentes.

A morfologia territorial e urbanística de Luanda é caracterizada por áreas plana e planáltica irregular da qual ressaltam elevações montanhosas de transição para a litorânea, sendo que em algumas partes da primeira é notório a natureza argilosa dos solos, de difícil infiltração, que a conferem características susceptíveis a alagamentos quando a ocupação urbanística é feita desordenadamente e principalmente quando não há infra-estruturação prévia adequada.
Importa realçar que os problemas de Luanda, neste aspecto, são de natureza estrutural, começando pela periferia ou áreas suburbanas, onde os espaços adjacentes as linhas naturais de água e valas de drenagem foram ocupadas, impedindo o livre escoamento das águas pluviais; o sistema de micro drenagem entrou praticamente em colapso e tende a agravar-se em direcção ao centro da cidade se não agir-se já em conformidade com o surgimento dos grandes edifícios, por estes constituírem-se como problemáticos para as  infra-estruturas públicas de drenagem que continuam sendo as mesmas, dimensionadas e implantadas na segunda metade do século passado.

A história das cidades reporta a inundação urbana como uma ocorrência tão antiga quanto o surgimento dos aglomerados urbanos e acontece quando a água sai do leito de escoamento devido a falta de capacidade de transporte dos sistemas de drenagem e ocupa áreas utilizadas pela população. A inundação também pode ser ampliada em função das alterações produzidas pelo homem para urbanização, através da impermeabilização das superfícies e Luanda não foge a regra, isto confirma-se pela sua história de crescimento urbano em que as primeiras infra-estruturas para o efeito começaram a surgir na segunda metade do século passado após as grandes enxurradas dos anos 60 que inundou e soterrou a baixa da cidade.


Registaram-se sempre inundações nos chamados musseques, talvez não com a mesma gravidade actual, mas aconteceram e continuam acontecendo na actualidade em áreas periféricas às valas de drenagem, aterradas pela população até ao quase desaparecimento das mesmas, para efeitos de habitação e em bairros onde não se acautelaram os pressupostos de drenagem pluvial artificial quando construíram sobre as linhas de água natural.

O centro urbano não apresenta problemas com dimensões idênticas aos dos bairros suburbanos, por estarem infra-estruturadas com sistema de colectores públicos, ainda que estas funcionem deficientemente por falta ou irregularidade de manutenção, submetidos que estão aos esforços externos por cargas excessivas de veículos pesados e antiguidade.

As inundações dos bairros suburbanos só passarão a ser, gradativamente, acontecimentos do passado quando os projectos de reabilitação e requalificação passarem a ser integrados de forma coerente com as infra-estruturas existentes e projectadas e com as áreas circundantes habitadas, tendo-as como unidades funcionais interligadas, concebidas na base de um plano director de desenvolvimento urbano. Se assim não acontecer estaremos remendando a velha manta com pedacinhos novos.

Para acautelar os impactos negativos que podem advir das intensidades das chuvas que se avizinham a Elisal e o GPL iniciaram, na primeira semana de Julho, a limpeza e reperfilamento das valas de drenagem que constituem a macro-drenagem da cidade.


Esta actividade é caracterizada por imensos constrangimentos, resultantes da ocupação desordenada das áreas adjacentes que não possibilitam a movimentação adequada das máquinas e agravadas com a deposição constante de resíduos sólidos nos troços já limpos.

As longas extensões das valas e as dificuldades de penetração e movimentação dos equipamentos, em muitos pontos, têm sido factores de ponderação para o aumento do número de empresas operadoras envolvidas no processo, de forma a tornar célere a limpeza e sua posterior manutenção, dada a aproximação das chuvas.

Pelo facto a população deve ter um comportamento cívico adequado para que os trabalhos em curso se desenvolvam sem grandes constrangimentos. O mesmo serve para a edilidade no tocante a sensibilização dos munícipes para um maior envolvimento em termos participativos.

Bessangana,
Malembe

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